Meio ambiente de Mossoró pode estar comprometido

30/03/2010 10:10

Por Bruno Barreto

Os problemas causados pelo lixão da Estrada da Raiz não se resumem apenas a questões sociais, o meio ambiente de Mossoró também é comprometido por causa da situação daquela área.

De acordo com estudos realizados para a tese de doutorado da pesquisadora do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e professora substituta da Escola Superior de Agricultura de Mossoró (ESAM) na área de solos, Alessandra Salviano, o lençol freático de Mossoró e a lagoa de captação da Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (CAERN) estão contaminados por substâncias como cádmio e chumbo. "Como no lixão de Mossoró existem materiais como plástico, baterias de celular, pilhas, papéis entre outros, existe uma possibilidade considerável desses materiais encontrados serem provenientes dos metais pesados encontrados no lixão", explicou.

Esses metais pesados chegaram até a lagoa de captação durante a época de chuvas, através do fenômeno da lixiviação que pode ter transportado o material até a lagoa de captação. Já a contaminação do lençol freático se dá com a infiltração do xorume pelo solo e se estendendo até os rios.

De acordo com a pesquisadora da área de solos, os números referentes a presença de metais pesados tanto na lagoa de captação da Caern como do lençol freático são alarmantes, estando acima dos valores de alerta da Companhia de Tecnologia Ambiental de São Paulo (CETESP). "Os níveis dos metais encontrados em Mossoró estão acima dos valores de alerta, é preciso que seja feita com urgência uma monitoração naquela área", sugeriu.

Como o lixão se encontra em uma área baixa, o local sempre fica inundado durante o período chuvoso e o material pode ser espalhado por toda a cidade. "Se fragmentos desses metais ficarem presos à poeira serão espalhados pela cidade, entrando nas casas", afirmou.

DOENÇAS - O cádmio e o chumbo são metais que podem causar doença que vão desde problemas intestinais a até câncer e descalcificação. No corpo humano esses metais costumam se acumular no fígado e nos rins, causando problemas também nesses órgãos.

PERIGO - A lagoa de captação é um local aonde existem algumas pessoas pescando e agricultores retirando água de lá para colocar nas plantações que depois da colheita são vendidas na Central de Abastecimento (CONAB).

Mesmo com a construção de um aterro é necessário um monitoramento

Que a construção de aterro sanitário traria melhorias para a população de Mossoró e para a cidade não é uma novidade para ninguém. No entanto, o problema do lixão de Mossoró vem se arrastando há anos e nenhuma providência é tomada. Enquanto isso, o lixão não pára de crescer. "Vai chegar um momento em que não haverá mais espaço para comportar o lixo de Mossoró", explicou Alessandra Salviano.

Segundo a pesquisadora, a construção do aterro não é a única solução para o problema que só se dará através de um trabalho diário dentro do aterro. "Se for para construir tem que ser realizado um monitoramento diário, já que o lixo tem que ser compactado todos os dias", disse.

A instalação do aterro preveniria todas as doenças causadas pelo lixão. Além disso, o reaproveitamento do material resolveria o problema social que o trabalho do lixão ocasiona. "Não tem lógica um aterro sanitário sem uma usina de reciclagem, que gera vários empregos", afirmou.

O Mossoroense, Cotidiano, 15/09/04

Fonte: https://www.semarh.rn.gov.br/detalhe.asp?IdPublicacao=3717

 

 

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